
COP 30 em Belém, cercada por problemas logísticos (preços altos, infraestrutura precária), polêmicas conceituais (a “avenida na floresta”) e a efervescência de protestos (feministas, invasão indígena e do PSOL na terça-feira), encontrou um descompressor cultural que se tornou a verdadeira estrela do evento: o Carimbó.
Este ritmo e dança, Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, vai muito além do entretenimento. Ele tem sido a salvação não-oficial para o estresse dos participantes por diversas razões:
1. A Alegoria da Amazônia em Movimento
O Carimbó, com suas letras que exaltam o ribeirinho, o pescador, a lavadeira e a biodiversidade local, é uma aula prática de resiliência e pertencimento amazônico. Ele traduz em passos e tambores a conexão da comunidade com os elementos naturais da região.
- Identidade e Resistência: O ritmo, de origem indígena (o tambor curimbó), mesclado com influências africanas, carrega a memória ancestral da Amazônia. Sua presença na COP 30 reforça a necessidade de integrar saberes tradicionais na busca por soluções climáticas.
2. O Antídoto para a Tensão Diplomática
Em um ambiente pesado, onde a ausência de líderes de peso e as negociações tensas marcam o dia, o Carimbó oferece um alívio sensorial imediato.
- Descompressão Coletiva: A sensualidade da dança, o rodar da saia, o ritmo contagiante e a participação espontânea desarmam o formalismo da conferência. O Carimbó desestressa quem já adora e quebra o gelo para quem está conhecendo e se entregando à dança. É um momento de pura descontração, mais eficaz que um bom tacacá ou açaí para lidar com as “lambanças” da organização.
3. A Projeção Global da Cultura Paraense
O ritmo está sendo usado como o “primeiro abraço de boas-vindas da Amazônia” ao mundo.
- A Polícia Federal lançou um carimbo comemorativo da COP 30 para passaportes, reforçando a identidade local.
- Existe uma forte mobilização dos mestres e grupos de Carimbó para garantir que o legado do evento inclua a valorização e a permanência das rodas tradicionais na cidade, garantindo que o Carimbó seja visto como mais do que entretenimento, mas sim como um pilar de cultura e sustentabilidade.
Em resumo, a COP 30 pode ter se afogado em problemas logísticos e tensões políticas, mas o Carimbó é o seu inegável ponto de luz, provando que a alma cultural da Amazônia é a maior força de Belém.
Redação plenarioemfoco
